domingo, 18 de março de 2012

reciclar - resignificar - reutilizar - reaproveitar

Para dizer o que quero e (talvez) ser entendido, terei que consultar o dicionário. Mas vi que os dicionários online não respondiam as minhas necessidades. Para explicar cada uma dessas quatro palavras precisaria de um estudo aprofundado (que não farei num domingo a noite). Mas mesmo assim não desistirei desse post, vou para os significados que tenho na minha pobre cabeça pós-revolução tecno-cientifica (informacional) de classe média em país de terceiro mundo.

Reciclar para mim é colocar de volta algo no ciclo natural da vida. Para as partes técnicas o wikipedia é bem melhor que eu, mas me limito a dizer que vejo como uma alteração em alguma objeto para que ele possa voltar pro ciclo, ao invés de ser descartado ao desuso e solidão. Resignificar pra mim é dar novo significado a algo ou alguém (veja que atento a gramática, que outra maneira tenho para interpretar uma palavra?). O primo Wiki nos diz do uso disso na neurolinguística, pois o "significado de todo acontecimento depende do filtro pelo qual o vemos. Quando mudamos o filtro, mudamos o significado do acontecimento, e a isso se chama ressignificar". Ou seja, é muito simples, é mudar (ou simplesmente criar) o significado das coisas. A palavra reutilizar é mais fácil: utilizar de novo, não? Volto na questão da reciclagem: ao invés de descartar botar de novo no belo ciclo da vida. E reaproveitar, bem, aproveitar de novo? Simples, se algo foi usado uma vez, porque não pode ser usado de novo, mesmo que para outro fim. Agora começo a sacar o que acontece, talvez estas palavras todas sejam sinônimos, ou pelo menos palavras bem parecidas.

Mas não digo isso aqui simplesmente como um devaneio, ou um pensamento aberto. Digo isso porque vou encaixa-lo com esse próximo SarauVarau que está por vir. Estou sobre forte influência do livro que acabei de ler, "Yoga Verde", de Georg e Brenda Feuerstein, e preciso tentar colocar algumas coisas em prática. Não tenho a pretensão de revolucionar nada, mesmo porque pouco sei sobre o assunto, mas sinto a necessidade de colocar isso em pauta. No SVarau usamos papel, barbante, madeira, tinta, cola, etc. Não sei ao certo calcular os malefícios que causamos ao meio ambiente material, mas também não sei calcular os benefícios que causamos no meio ambiente invisível, da energia boa que jogamos no mundo com a humilde pretensão de melhora-lo. Quero chamar pessoas para discutirem tal assunto. Quem ai que está lendo esse post e que apoia o SVarau está afim de tentar ajudar a faze-lo de forma mais sustentável possível, com o minimo de agressão ao meio ambiente físico? Estou fazendo um chamado a todos para darem ideia e proporem ações nesse sentido. Espero que tenham muitos ambientalistas atentos para nos ajudar nisso.

Daqui da minha posição de recém consciente ambiental (digo consciente não só de saber, mas de realmente começar a PRATICAR, reduzindo o consumo, reutilizando, reciclando, etc) dou minha ideia simples. Para expor no Varau eu colocarei as minhas poesias (até então virtuais) em coisas que iriam pro lixo. Não digo apenas papel rabiscado, mas embalagens de papelão, guardanapos pouco engordurados, etc. Essa ideia me veio ao ver um amigo fazendo algumas anotações numa embalagem de lampada comum.  Acho um possibilidade interessante, porém, mesmo dando essa RESIGNIFICAÇÃO a coisa, que antes ir pro lixo e agora vira fundo de uma poesia (que honra!), ainda temos que pensar em sua RECICLAGEM, em faze-la voltar para o ciclo de alguma forma. Quero dizer que ela não pode ir pro lixo da mesma maneira que ia antes, só que agora com uma marca poética eterna. É uma preocupação que tem que ser mantida mesmo com o fim do Varau, de aonde e como levaremos todo esse material para que ele possa ser reciclado ao invés de ir para um aterro. Outra opção seria fazermos um livreto com todo o material para deixar em alguma biblioteca, assim o material não viraria lixo e nem alimento para traças no fundo de uma gaveta. Sugiro esta ideia aos outros poetas, desenhistas e afins que possam escolher a superfície que vão utilizar. Pretendo ainda levar algumas materiais que iriam pro lixo para levar lá no dia, deixar em algum cesto para que todos possam deixar coisas escritas na hora para resignifica-los.

Conto com o apoio, opinião e ideias de todos para fazermos um SarauVarau verde. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

De volta agora em março.

Não, não desistimos do SarauVarau. Não desistimo porque isso é muito maior que nós. Porque é uma necessidade humana, social e natural. Não desistimos e nem desistiremos jamais, porque o SVarau é de todo mundo, de todos que querem levar a arte pra alma das pessoas. O privado tá privada e a rua tá vazia. Os bons se omitem e temem fazer o bem. O espaço público precisa ser ocupado, ocupado de gente, ocupado de arte, ocupado de amor. É hora de levar poesia pro mundo pra fazer todos sentirem-se e despertarem-se. Chega de esconder a beleza do mundo no fundo da gaveta ou na pasta do computador. Chega de fazer da arte uma mera mercadoria de consumidor. Os tempos são bárbaros, cruéis e difíceis. O medo estagna, corroê e nos usa. É hora de parar, respirar e sentir. Sinta-se. 




Informações: A praça Rui Barbosa é conhecida também como praça do Peixes ou praça das Artes e fica na Rua Padre Bento Pacheco, perto da Rodoviária de Indaiatuba. O Varau começas às 15h e o Sarau às 18h. Se quiser colaborar com o Varau expondo fotos, poesias, desenhos, colagens, montagens, enfim, toda e qualquer arte de autoria própria que possa ser pendurada, entre em contato ou apareça no local na hora com sua arte e alguns pregadores. Se quiser colaborar com o Sarau apresentando música, teatro, dança, performance, palhaçaria, recitando poesias, ou qualquer outra ideia mirabolante, entre em contato pelos emails colocados aqui no blog. O SVarau é um acontecimento coletivo e cooperativo, feito por todos em total horizontalidade. Cola junto pra faze-lo acontecer! 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Demorou mas foi!



O fato é que não se pode relatar ao certo, garantidamente, o que aconteceu de mais bonito nesse ultimo SVarau. O tempo todo durante essa festa, aqui e ali, os acontecimentos se faziam leves, bonitos, emocionantes, ensolarados, interiores, míticos.
 Foi uma troca sem igual. 
Não que trocas possam ser iguais ou sequer parecidas, mas essas que nos dispusemos a fazer ali no Casarão (espaço providencial), além de unicas foram permanentes e mais, coletivas.
A Feira de Trocas caracterizou o evento, que passou do exterior das pessoas e seus objetos a serem trocados, para o interior rapidamente, assim que os primeiros trabalhos foram pendurados e as primeiras atrações subiram ao palco. Palco pra tudo e pra todos!
Bonito né?
Pra quem perdeu, a tentativa de explicar ainda é vã. Pra quem se sentiu, sabe que o SarauVarau foi palco coletivo pra quem queria ouvir histórias, dançar, assistir, pirar, ver, ler, passear, tomar um sol, comer, beber, ver pessoas, poetizar.
Não resta duvidas de que todos corres valeram a pena. Não faltam agradecimentos a todos que foram e fortaleceram. Não couberam em nós os sorrisos largos ao fim de mais um estonteante(?) SVarau.

                                                               sinta-nos

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

É amanhã!

É, amanhã tem mais um SarauVarau. Eu sei que ninguém vai esquecer de algo tão importante, mas hoje é o dia de chamar todo mundo que você vê pela frente pra ir amanhã no Casarão Pau Preto das 14h as 22h. Se alguém te perguntar "O que vai ter lá?" é só responder "Vá e sinta-se". Não podemos dizer como será. Qualquer expectativa gerada será em vão, pois o que acontecerá será único e momentâneo. Veremos a arte de perto, feito por artistas reais que podemos tocar, abraçar, beijar. Vamos acabar com os intermédios entre nós e a arte: não tem monitor, televisão, iluminação nem nada que nos separe do que estaremos vendo. Vamos fazer e apreciar arte horizontal, não-hierarquizada e não-imposta. Vamos compartilhar a vida! Amanhã leve sua tanga, seu lençol, a caixinha com frutas... sinta-se a vontade, a intenção é ter um dia prazeroso de ócio criativo e que todo mundo seja, pelo menos por alguns momentos, natural.


Sinta-se.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SarauVarau, a divulgação...

Este vídeo é fruto do corre de hoje. Do corre pra imprimir e pagar caro por impressões de má qualidade e de depois conseguir imprimir mais cartazes de graça com a ajuda de amigos. Do corre pra colar eles por ai com um pouco de durex enrolado numa caneta que pegamos graças a colaboração de uma grande amiga. Do corre pra filmar tudo, ao invés de só colar, pra tentar fazer algo bonito e compartilhar esse momento com todo mundo. Do corre de editar as filmagens: cortar, arrumar, encaixar, adaptar, colocar certinho cada transição, uma a uma. Do corre do programa dar pau na ultima hora e quase tudo se perder, mas ser salvo pela restauração do mesmo programa (outrora xingado). Do corre pra divulgar o SVarau através do máximo de mídias possíveis. Do corre pra fazer o SVarau acontecer, não por uma ou outra satisfação pessoal, mas pelo prazer de compartilhar bons momentos coletivamente. Por isso tudo é que dedico esse vídeo a todo mundo que fortalece o Svarau, vocês são todos lindos e exalam um puta dum tesão por viver no mundo. Obrigado a todos que permitem isso tudo acontecer.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Feira de Trocas do Svarau

Feira de Trocas tem um significado intuitivo. Não consegui encontrar nada no dicionário para explicar com detalhes. Melhor assim. Não posso dizer como é a feira de trocas, e nem como será. Ela depende das pessoas que a realizarão, sendo único em cada lugar e momento em que acontece. A que vai acontecer nesse sábado, dia 17, no SarauVarau é uma realização coletiva imprevisível. Mas pra que de fato ela aconteça daremos alguns direcionamentos básicos, que seguem. 

Uma Feira de Trocas é um lugar para trocas materiais e imateriais. Toda compra e venda, no atual modo de produção capitalista, é uma troca disfarçada, intermediada por um valor simbólico que chamamos dinheiro. É disso que abrimos mão aqui. Nessa feira as coisas são trocadas entre si, coisas por coisas, saberes por saberes, JAMAIS envolvendo dinheiro. O valor do que é trocado não é definido hierarquicamente - por tabela, variação cambial, oferta e procura, demanda, etc - e sim pela necessidade de cada pessoa envolvida na troca. Nessa lógica, não existe sobra na troca, o que é trocado tem o mesmo valor (que cada um defini para si mesmo), apesar de serem coisas absolutamente diferentes. O valor é definido pela necessidade e utilidade da pessoa que recebe. 

O que for materialmente levado para trocar (objetos) tem que ser levado em total condição de desapego. É algo que não serve mais pra quem leva, mas que pode servir pra outro. É um reaproveitamento, uma refuncionalização de algo. E disso implica que não necessariamente quem leva algo tem que trazer de volta algo. As trocas não acontecem no nível individual, do um pra um, mas sim no nível coletivo, aonde todos levam e trazem 'coisas' - levam o que não lhe servem e trazem o que precisa. Não se troca, necessariamente, um objeto por outro, numa mediação entre dois agentes apenas, mas sim deixa-se o que não serve mais (desapego) pra pegar algo que sirva. E se nada servir, então nada pega. Ainda assim acontece a troca pois há a participação, o contato, e outras tantas trocas imateriais.      

Não há regra para o que pode ser trocado. Pode ser uma caneta, um tênis, um óculos, uma bicicleta, uma camiseta... Qualquer coisa insignificante pra um pode ter enorme significado pra outro. Pode não servir pra mim, mas servirá pra você. E além das coisas materiais serão trocadas também informações, saberes. Tudo o que as pessoas sabem pode ser trocado, infinitamente. Quando se fala, se dá, mas também se recebe do que escuta, mesmo que esse apenas permaneça escutando. São trocas invisíveis. Para este SVarau, teremos temas direcionadores pra trocarmos informações, assim como pessoas que gostam e estudam tais temas estarão lá pra dar e receber. Falaremos de slow food, permacultura, sustentabilidade e economia solidária. E nada impedi (e assim espera-se) que cheguem muitos outros temas através da contribuição das pessoas.  

Em suma, Feira de Trocas não é venda. Não é uma feira nos moldes capitalistas. Não estamos refletindo os padrões de produção e consumo da sociedade neo-liberal. É uma experiência nova que surge para quebrarmos paradigmas. É um exercício de desapego, de reciclagem, de sustentabilidade, de cooperação. É uma experiência coletiva. Participe, complemente, fortaleça!