segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Feira de Trocas do Svarau

Feira de Trocas tem um significado intuitivo. Não consegui encontrar nada no dicionário para explicar com detalhes. Melhor assim. Não posso dizer como é a feira de trocas, e nem como será. Ela depende das pessoas que a realizarão, sendo único em cada lugar e momento em que acontece. A que vai acontecer nesse sábado, dia 17, no SarauVarau é uma realização coletiva imprevisível. Mas pra que de fato ela aconteça daremos alguns direcionamentos básicos, que seguem. 

Uma Feira de Trocas é um lugar para trocas materiais e imateriais. Toda compra e venda, no atual modo de produção capitalista, é uma troca disfarçada, intermediada por um valor simbólico que chamamos dinheiro. É disso que abrimos mão aqui. Nessa feira as coisas são trocadas entre si, coisas por coisas, saberes por saberes, JAMAIS envolvendo dinheiro. O valor do que é trocado não é definido hierarquicamente - por tabela, variação cambial, oferta e procura, demanda, etc - e sim pela necessidade de cada pessoa envolvida na troca. Nessa lógica, não existe sobra na troca, o que é trocado tem o mesmo valor (que cada um defini para si mesmo), apesar de serem coisas absolutamente diferentes. O valor é definido pela necessidade e utilidade da pessoa que recebe. 

O que for materialmente levado para trocar (objetos) tem que ser levado em total condição de desapego. É algo que não serve mais pra quem leva, mas que pode servir pra outro. É um reaproveitamento, uma refuncionalização de algo. E disso implica que não necessariamente quem leva algo tem que trazer de volta algo. As trocas não acontecem no nível individual, do um pra um, mas sim no nível coletivo, aonde todos levam e trazem 'coisas' - levam o que não lhe servem e trazem o que precisa. Não se troca, necessariamente, um objeto por outro, numa mediação entre dois agentes apenas, mas sim deixa-se o que não serve mais (desapego) pra pegar algo que sirva. E se nada servir, então nada pega. Ainda assim acontece a troca pois há a participação, o contato, e outras tantas trocas imateriais.      

Não há regra para o que pode ser trocado. Pode ser uma caneta, um tênis, um óculos, uma bicicleta, uma camiseta... Qualquer coisa insignificante pra um pode ter enorme significado pra outro. Pode não servir pra mim, mas servirá pra você. E além das coisas materiais serão trocadas também informações, saberes. Tudo o que as pessoas sabem pode ser trocado, infinitamente. Quando se fala, se dá, mas também se recebe do que escuta, mesmo que esse apenas permaneça escutando. São trocas invisíveis. Para este SVarau, teremos temas direcionadores pra trocarmos informações, assim como pessoas que gostam e estudam tais temas estarão lá pra dar e receber. Falaremos de slow food, permacultura, sustentabilidade e economia solidária. E nada impedi (e assim espera-se) que cheguem muitos outros temas através da contribuição das pessoas.  

Em suma, Feira de Trocas não é venda. Não é uma feira nos moldes capitalistas. Não estamos refletindo os padrões de produção e consumo da sociedade neo-liberal. É uma experiência nova que surge para quebrarmos paradigmas. É um exercício de desapego, de reciclagem, de sustentabilidade, de cooperação. É uma experiência coletiva. Participe, complemente, fortaleça!

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